11.4.06

Discos, Livros, Amigos.

Início da rua XV de Novembro, Pelotas/RS. É engraçado como a idade ajuda a gente a se dar conta de algumas coisas que foram importantes na vida e que passaram quase desapercebidas. Discos, livros, amigos circulam pelas mãos, mentes e corações e só muito mais tarde nós conseguimos dimensionar a importância de todos na formação da personalidade, caráter e cultura. Revistas, por exemplo. Sempre gostei de colecionar. Minha paciência para fascículos sempre me surpreendeu. Esperar semana por semana para saber um pouco mais. Cinema, futebol, história da arte, pensadores, pintores, filósofos... Acho que só consegui juntar toda a biblioteca que tenho, graças ao Zé. É o funcionário de uma banca de revista de Pelotas. A Corrida do Ouro, nome da banca, ficava na Rua XV de Novembro quase em frente a TV Tuiuti(mais tarde, RBS Pelotas) e era nela que eu me abastecia e deixava boa parte do salário todo santo mês. Tinha conta lá. E, o mais importante de tudo, foi a relação de confiança que se estabeleceu entre o vendedor e o comprador. Quando não tinha dinheiro, pendurava. Quando chegava novidade que Zé acreditava que iria me interessar, guardava. E geralmente acertava. Mas para mim, o mais importante, é que Zé nunca deixou faltar um único exemplar. Nunca precisou pedir um número aos distribuidores porque tivesse esquecido de guardar. Nunca mais encontrei um "revisteiro" igual. Hoje a banca mudou de lugar. Zé trabalha na galeria Zabaletta. Toda vez que vou a Pelotas, passo lá e fico lembrando de todas as conversas, de todos os fascículos que ele guardou ao longo dos 5 anos que trabalhei na TV Tuiuti. Mas tenho a impressão de que eu nunca disse a Zé o quanto ele ajudou na minha formação, no nível de informação que eu fui adquirindo. A cultura, o entendimento estético, o conceito de quanto a informação é importante... Da próxima vez que for a Pelotas, vou dizer tudo isso pessoalmente. Obrigado, Zé.

Um comentário:

Anônimo disse...

AMEI!!! Me identifiquei totalmente. Só me sinto à vontade numa cidade depois que faço uma conta na banca de revista mais próxima.
Banca de revista é mágico! Quando criança sonhava em ser dona de uma banca para ler TUDO. Passar o tempo todo lendo. Bom, não quero mais ser dona de banca, descobri que teria que acordar as 4 horas da manhã, iria logo a falência e bateria nos clientes no dia em que por milagre acordasse nesse horário.
Mas continuo com o sonho de ler o tempo todo.
E sou tão amiga do meu jornaleiro que fui convidada para ser madrinha dele no casamento. Achei o máximo. Lá tem uma caderneta só para mim que eu mesma faço as anotações de quanto devo, dos pagamentos.É muito bom!